quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Convocatória

CONVOCATÓRIA
PUBLICAÇÃO

Grupo de Pesquisa

Dramatis – Dramaturgia: mídias, teoria, crítica e criação.


Em novembro de 2008, foi criado o Grupo de Pesquisa Dramatis – Dramaturgia: mídias, teoria, crítica e criação. Liderado pela professora Dra. Cleise Furtado Mendes – docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas - PPGAC/UFBA, professora de Dramaturgia na Escola de Teatro da UFBA e pesquisadora do CNPQ –, o grupo também é composto por professores e pesquisadores de Artes Cênicas, Letras e Comunicação.

Pela sua área de abrangência a atuação epistemológica, está associado às atividades da Linha 4 de pesquisa do PPGAC (Dramaturgia, História e Recepção - Pesquisas relativas à criação dramatúrgica para diversas funções e meios, historiografia, recepção, crítica e teoria do drama), mas envolve também a Linha 1 e seus pesquisadores: Antônia Pereira, Cleise Furtado Mendes, Elisa Mendes, Hebe Alves da Silva, Iara Sydenstricker, Luiz Felipe Botelho, Marcos Barbosa, Raimundo Matos de Leão e Cássia Lopes. São integrantes também outros nomes de pesquisadores da Linha 2: Evelina Hoisel, Guilherme Maia, Luiz Cláudio Cajaiba, Luiz César Alves Marfuz e Vera Motta. O projeto, no elenco heterogêneo de seus membros participantes, pretende reunir e integrar a produção artística e crítico-teórica de diferentes áreas de saber, agregando professores, bem como mestrandos e doutorandos, com projetos vinculados às áreas de estudos contempladas pelos pesquisadores citados.
         
O Dramatis caracteriza-se como um espaço de interseção entre as diversas funções e meios que hoje configuram o campo das práticas dramatúrgicas. Além de sua tradicional associação com as artes cênicas, tais práticas vêm sendo enriquecidas por novas relações entre criadores e receptores, graças à crescente demanda lançada por outros meios audiovisuais, que abrem possibilidades antes insuspeitadas para a experimentação de novos formatos para comunicação das obras dramatúrgicas. Ao mesmo tempo, a complexidade e a rapidez de difusão dessa praxis interpela decisivamente, em inúmeras questões, o conhecimento construído pela tradição crítico-teórica do drama. 

Assim, o grupo reúne projetos que investigam desde os diversos processos de composição dramática na contemporaneidade – como adaptações de textos, escrita e tradução de peças e roteiros para o palco, TV, vídeo, rádio e cinema – até estudos de teoria, história e crítica do drama. Para afirmar a interlocução de vozes sobre o tema do Dramatis, está sempre prevista, anualmente, a publicação de um livro.  

Será lançado, em 2011, o segundo livro do Dramatis, que receberá novos textos de colaboradores para a sua segunda publicação, informando que os ensaios devem se inserir na temática geral do grupo de pesquisa e devem seguir as normas previstas para edição:


1.    Envio do original em Microsoft Word, Times New Roman, 12; interlinha 1,5; texto justificado; título centralizado, em negrito; nome do autor à direita, com nota contendo titulação, instituição e e-mail.
2.    Mínimo de 10 páginas, máximo de 15.
3.     Notas de pé de página, em Times New Roman, 10, interlinha simples, texto justificado.
4.    Citações de até três linhas, no corpo do texto entre aspas, com mais de três linhas, recuadas à esquerda (4 cm de recuo) em bloco destacado, com interlinha simples, justificado e sem aspas.
5.    Sistema de chamada: autor-data, conforme ABNT.
6.    Referências no final do texto.
7.    Texto revisado sob responsabilidade do autor, acompanhado de declaração autorizando a publicação.
8.    Os conceitos emitidos em textos assinados são de responsabilidade exclusiva de seus autores.
9.    Prazo para entrega dos originais: recebemos textos em fluxo contínuo
10. E-mail para envio do texto: entrar em contato por intermédio do blog DRAMATIS
Salvador, 30 de setembro de 2010.

domingo, 3 de outubro de 2010

Drama, cena ou qualquer coisa...

Retomo aqui um registro feito  no blog Cena Diária, visto que o assunto deve ser discutido de maneira ampla por aqueles que se interessam pelo drama e pela cena, em fim pelo teatro que se organiza no presente. No Festival de Teatro de São José do Rio Preto (São Paulo) realizado em junho, o canadense Denis Marleau, da Cia UBU Théâtre apresentou sua versão de Os Cegos, do simbolista Maurice Maeterlinck. Consistia o trabalho na projeção em 3D da referida peça. Projetada em uma sala escura, a experiência de Marleau pode ser apreciada como uma instalação, acontecimento que se pode absorver como uma vídeografia que se utiliza das técnicas cinematográficas, ampliando sob o fundo negro (conforme a reportagem publicada em a Folha de S. Paulo, 24.06.2010), o rosto de dois atores interpretando os personagens criados por Maeterlinck. O texto trata de doze cegos perdidos na floresta de uma ilha. Sem o guia, descobrem em seguida que ele está morto.
Diante da proposta, pergunta-se: é teatro? Para Denis Marleau, o que se vê na sala escura é teatro. A afirmativa categórica põe por terra a tradição e tenta nos dizer que para ser teatro não há mais necessidade da presença viva do ator, sem outra mediação, comunicando-se com o espectador. O fato de a projeção estabelecer um elo comunicativo com os espectadores da experiência não avaliza  dizer que ela é um ato teatral. Nem mesmo a afirmativa de Marleau de que o ator não estando em cena, sua ausência instala a questão de sua presença, pode confirmar seu trabalho como teatral. Ao colocar em xeque a ideia, simples e ao mesmo tempo grandiosa, de que teatro é a relação que se dá entre o ator e o espectador, coloca-se tudo numa baciada. Quando uma coisa pode ser tudo, termina por não ser nada.

sábado, 2 de outubro de 2010

Sensibilidade Histriônica e Imagem Poética em Myriam Fraga

            Esta fala que dedico à poesia de Myriam Fraga é apenas mais um fio de voz que se entrelaça a muitos outros, criando aos poucos um coral de timbres variados, formado pelo desejo comum de celebrar a força e a singularidade dessa obra poética. Diferente do tapete de Penélope, o tecido dessas vozes não pára de crescer, de receber novos fios, novos cursos de dizer, novos discursos. Ele se eleva à medida que também cresce a percepção de que essa obra está em viagem irreversível para o lugar que lhe cabe na poesia brasileira contemporânea.

            Esse tecido começou a ser tramado há muitos anos, desde os primeiros livros da autora, publicados na década 60. Esse coro de reconhecimento, essa rede de ressonâncias foi se formando, então, desde as primeiras críticas, inspirou estudos sobre a sua lírica, motivou recitais e encenações de poemas, e se faz ouvir hoje, aqui, com toda intensidade, ao longo deste Seminário. Este Seminário que é uma iniciativa, em tudo digna de aplauso, desta Academia e, em especial, da professora Evelina Hoisel, a quem devemos a criação e coordenação do evento.

            Nos limites desta minha fala, no fio que me cabe entretecer nessa trama de vozes, quero dar relevo a uma vertente da obra de Myriam Fraga que é, ao mesmo tempo, uma questão temática e uma estratégia de enunciação da voz poética. Para iluminar esse recorte, eu uso uma idéia que está contida na expressão “sensibilidade histriônica”. Eu não sei se a noção de sensibilidade histriônica já foi usada, antes, fora do âmbito do teatro, em relação a outro tipo de experiências de percepção. Eu capturei essa expressão num livro intitulado Evolução e sentido do teatro, um livro escrito há algumas décadas e já bastante conhecido, de um teórico do teatro chamado Francis Fergusson. [1]